VOLUNTÁRIAS SOCIAIS DA BAHIA PROMOVEM OFICINA DE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL PARA CATADORES EM SALVADOR
Foto: Wuiga Rubini / GOVBA
Garantir o direito à alimentação saudável significa mais do que levar comida à mesa: envolve conhecimento, criatividade e o uso consciente dos alimentos. Com esse foco, as Voluntárias Sociais da Bahia (VSBA), em parceria com o Centro de Arte e Meio Ambiente (CAMA), realizaram nesta terça-feira (2) uma oficina prática destinada a catadores e catadoras de materiais recicláveis autônomos. A atividade aconteceu na cozinha comunitária do CAMA, no Espaço Cultural Alagados, no bairro do Uruguai, em Salvador, e promoveu aprendizado coletivo e troca de experiências.
O objetivo foi oferecer estratégias para enfrentar a insegurança alimentar e nutricional, mostrando como verduras e hortaliças comuns podem ser aproveitadas em receitas equilibradas, nutritivas e de baixo custo. “Às vezes a gente acha que comer bem é caro, mas aqui eu aprendi que dá para aproveitar tudo e fazer pratos gostosos sem gastar muito”, relatou a catadora Railda Sales, uma das participantes.
De acordo com a diretora operacional da VSBA, Sônia Rocha, a oficina busca apresentar soluções simples e aplicáveis ao dia a dia. “Queremos mostrar que, mesmo com poucos recursos, é possível manter uma alimentação saudável, aproveitando cada alimento e evitando desperdícios”, explicou.
Já para a coordenadora-geral do CAMA, Cristiane Lopes, a iniciativa extrapola a dimensão culinária. “É uma ação que fortalece o direito humano à alimentação adequada, respeitando a cultura alimentar local e incentivando práticas que valorizem a saúde e a sustentabilidade”, destacou.
O encontro integra um conjunto de ações voltadas a comunidades em situação de vulnerabilidade, reforçando o compromisso das instituições em unir educação alimentar, cidadania e inclusão social.
PREFEITURA DE BARREIRAS ENTREGA CAMINHÃO PARA ASSOCIAÇÃO DE CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS
Ao lado dos secretários de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Demósthenes Júnior e de Infraestrutura, Bruno Castro, o prefeito Otoniel Teixeira fortaleceu, nesta segunda-feira (8), as ações de coleta seletiva e inclusão social com a entrega de um caminhão à Associação de Catadores Nova Esperança, que reúne trabalhadores que antes atuavam no antigo lixão. O veículo foi cedido por meio de termo de uso e integra o programa “Recicla Mais Barreiras”, lançado em fevereiro deste ano.
Otoniel destacou a importância do novo equipamento. “A entrega deste caminhão vai ampliar a coleta seletiva, melhorar as condições de trabalho dos catadores e aumentar a renda das famílias. Já estamos realizando a coleta com grandes geradores, como indústrias e comércios, e agora iniciaremos também a coleta domiciliar nos bairros”, afirmou.
Lançado em fevereiro de 2025, o programa Recicla Mais Barreiras tem como objetivo estruturar a coleta seletiva, apoiar o trabalho das cooperativas de catadores e estimular a população a adotar práticas mais sustentáveis. A iniciativa promove a economia circular, reduz o volume de resíduos destinados ao aterro sanitário e contribui para melhorar as condições de trabalho e renda das famílias de catadores.
O secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Demóstenes Júnior, reforçou que a iniciativa coloca Barreiras em sintonia com a legislação nacional. “O Programa Recicla Mais Barreiras é estratégico para implementar a coleta seletiva, em consonância com a Política Nacional de Resíduos Sólidos e com o novo marco do saneamento. Essa integração entre comunidade, catadores e cooperativas garante inclusão social, proteção ambiental e desenvolvimento econômico”, ressaltou.
Também participaram da cerimônia a subsecretária Marisa Rodrigues e técnicos da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade, reforçando o compromisso da gestão com políticas públicas voltadas à sustentabilidade.
GOVERNO FEDERAL PREPARA DECRETO QUE ESTIMULA A RECICLAGEM DE PLÁSTICO
O governo federal prepara um decreto para estimular a reciclagem de plástico. É uma forma de fortalecer a economia circular no país, que é um modelo de produção e consumo que prolonga o ciclo de vida de bens e materiais, minimizando o desperdício e o uso de recursos naturais.
Foi o que afirmou, nesta quinta-feira, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, durante cerimônia de entrega de 10 caminhões para a Central de Cooperativas de Materiais Recicláveis do Distrito federal e Entorno, em Brasília.
A entrega dos caminhões faz parte do programa Coopera+ lançado em maio deste ano pela ABDI, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, que é uma instituição ligada ao MDIC. A iniciativa busca fortalecer a cadeia da reciclagem na capital federal.
Alckmin lembrou ainda que, recentemente, a Camex, Câmara de Comércio Exterior, elevou para 18% as alíquotas do imposto de importação cobradas sobre a entrada no Brasil de resíduos de papel, plástico e vidro. Com isso, o governo quer estimular a cadeia nacional de resíduos sólidos e minimizar os impactos nocivos desses materiais no meio ambiente, como ressaltou o vice-presidente:
“O presidente Lula assinou um decreto aumentando o imposto de importação para material reciclado, então é uma medida que segura um pouco a importação e sobe o preço dos recicláveis aqui dentro (do Brasil).”
Vale lembrar que há um mês o Brasil ganhou uma plataforma inédita que rastreia todo o caminho dos plásticos reciclados. A ferramenta, chamada Recircula Brasil, foi desenvolvida pela ABDI e pela Abiplast, Associação Brasileira do Plástico.
Segundo dados da Abiplast, em 2022, a reciclagem mecânica de plástico pós-consumo no país atingiu 25%, superando 1 milhão de toneladas do material. O total representa um crescimento de 9% em relação a 2021.
Fonte: Governo Federal
BAMIN ENTREGA CANOAS SUSTENTÁVEIS A PESCADORES DE SAMBAITUBA
A BAMIN entregou, na terça-feira (19), dez embarcações ecologicamente sustentáveis a famílias de pescadores da comunidade de Sambaituba, no entorno do Porto Sul. Com a ação, já são 40 canoas distribuídas em 2025, beneficiando também Juerana, Aritaguá e Urucutuca.
A iniciativa integra o Programa de Compensação da Atividade Pesqueira, parte do Plano Básico Ambiental da empresa, e busca fortalecer a pesca artesanal, promover o desenvolvimento sustentável e ampliar a autonomia das famílias. As embarcações foram projetadas com materiais de baixo impacto ambiental e funcionalidades adequadas às necessidades locais, definidas junto aos próprios pescadores.
Segundo Marcelo Dultra, diretor de Sustentabilidade da BAMIN, o projeto “representa um investimento no futuro das comunidades tradicionais e na valorização do modo de vida dos pescadores locais”.
AACRRI PROMOVE AÇÕES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E COLETA SELETIVA NA CELEBRAÇÃO DOS 115 ANOS DE ITABUNA
Durante as comemorações dos 115 anos de emancipação de Itabuna, na Arena Zé Cachoeira, a Associação de Agentes Ambientais e Catadores de Materiais Reutilizáveis e Recicláveis de Itabuna – AACRRI realizou um trabalho de coleta seletiva e educação ambiental, reafirmando seu compromisso com a sustentabilidade e a inclusão social. No início dos shows, aconteceu uma ação educativa com os barraqueiros, orientando sobre o descarte correto dos resíduos e a importância da reciclagem.
A atuação da AACRRI teve o acompanhamento da assistente social da Defensoria Pública do Estado da Bahia, Andréa Pires dos Reis, por meio do Programa Mãos que Reciclam, que articulou junto à Prefeitura de Itabuna, através da FICC, a estruturação de um espaço aconchegante para os catadores da associação e também para catadores autônomos. A prefeitura, através do Programa Recicla Itabuna, garantiu uma estrutura adequada que proporcionou mais qualidade, segurança e dignidade ao trabalho desenvolvido durante os festejos.
PARCERIAS
Durante os shows da festa de aniversário da cidade, foram coletados 257,8 quilos de plástico, 226,8 quilos de latinhas de alumínio, 44,8 quilos de material misto, 45,8 quilos de papelão, 17,4 quilos de material branco, 17,6 quilos de rejeito e 211,8 quilos de rejeitos, num total de 861,4 quilos de material reciclável, que será processado na Central de Triagem.
A presidente da AACRRI, Carissa Araújo Santos, destacou que “só temos a agradecer ao município por esse olhar mais sensível aos trabalhadores da reciclagem. E esse trabalho só é possível graças ao apoio dos nossos parceiros institucionais, como a Prefeitura de Itabuna, Defensoria Pública, o Ministério Público do Trabalho, o Governo do Estado da Bahia, a CVR Costa do Cacau e O Boticário. Cada parceria fortalece a luta dos catadores e ajuda a construir uma cidade mais limpa, justa e solidária.”
A assistente social da DPE, Andréa Pires, afirmou que “estar junto aos catadores nesse processo é também lutar pelo reconhecimento de sua função social e pela garantia de direitos. Ver a estrutura assegurada durante esse evento, com dignidade e respeito, é um reflexo de como a articulação entre poder público e movimentos sociais pode transformar realidades’.
ITACARÉ REPRESENTOU A BAHIA NO EVENTO NACIONAL TRANSFORMAR JUNTOS
Itacaré representou a Bahia no evento nacional Transformar Juntos, promovido pelo Sebrae em Brasília, com destaque para o Programa Lixão Nunca Mais, reconhecido como uma das melhores experiências do país no fechamento de lixões.
O secretário de Meio Ambiente, Marcos Luedy, apresentou a iniciativa em um painel ao lado de representantes do Espírito Santo, Ceará e Piauí.
A comitiva contou com a presença do prefeito Nego de Saronga, do secretário de Turismo Marcos Japu e do secretário de Comunicação Albert Queiroz.
PROJETO OCA CULTURAL ITINERANTE LEVA CINEMA INDÍGENA E PROMOVE DEBATE NO CIEBTEC
Na manhã desta quinta-feira, o auditório do Colégio Estadual CIEBTEC em Itabuna foi palco de uma importante ação de valorização da cultura indígena: a realização do projeto OCA Cultural Itinerante dos Povos Indígenas da Bahia. Com exibição de filmes regionais com temática indígena, o evento proporcionou uma experiência rica e reflexiva para estudantes, professores e pesquisadores presentes.
A OCA Cultural Itinerante tem como missão democratizar o acesso à cultura e ao audiovisual, promovendo a visibilidade dos povos originários através da exibição cinematográfica. Durante a programação, foram apresentados filmes que abordam tradições, memórias e lutas dos povos indígenas, como a Puxada do Mastro de São Sebastião e a Batalha dos Nadadores, marcada pela tradicional Caminhada dos Mártires que acontece anualmente de Olivença ao Cururupe.
Após as exibições, um debate entre pesquisadores, professores e alunos trouxe à tona temas urgentes como a invisibilidade dos povos indígenas, desigualdades sociais e preconceitos enfrentados por essas comunidades. O diálogo se mostrou fundamental para ampliar o conhecimento e a empatia dos participantes em relação às questões que permeiam os territórios indígenas na Bahia e no Brasil.
O projeto é uma realização do Instituto dos Povos Indígenas da Bahia (Ação Bahia), sob direção geral de Walney Magno de Souza e produção executiva de Rafael Ganem. A iniciativa conta com apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Cultura, via Lei Paulo Gustavo — uma política pública federal direcionada pelo Ministério da Cultura.
A OCA segue seu caminho, ocupando espaços e fortalecendo a luta por representatividade e reconhecimento dos povos originários baianos.
Catadora de materiais recicláveis de Itabuna chega à Universidade
Em meio aos desafios diários da Central de Triagem em Itabuna, Daniele dos Santos Pereira, catadora de materiais recicláveis e diretora da Associação de Agentes Ambientais e Catadores de Materiais Reutilizáveis e Recicláveis de Itabuna – AACRRI, escreve uma nova página em sua vida, ao ingressar na universidade.
Aos 27 anos, mãe de dois filhos, ela realiza o sonho de cursar o ensino superior. Desde muito jovem, Daniele aprendeu a lidar com as dificuldades, encontrando no trabalho árduo no antigo lixão de Itabuna a força necessária para superar obstáculos. “Sempre acreditei que a educação era a chave para mudar a minha realidade,” afirma com emoção. Para ela, “cada dia de trabalho serviu de aprendizado sobre resiliência, solidariedade e a importância de lutar pelos meus direitos e de todos os catadores, que precisam lutar para ter uma vida digna e ganhar visibilidade”.
VENCER PRECONCEITOS
A trajetória que levou Daniele até aqui não foi fácil. Entre momentos de preconceito e a luta constante pela sobrevivência, precisou batalhar para que seus esforços fossem reconhecidos. Hoje, ao atravessar os portões da instituição de ensino superior, ela carrega consigo o orgulho de suas origens e a determinação de construir um futuro melhor para ela para sua comunidade.
Na universidade, Daniele dos Santos vai cursar Administração, com o objetivo de, futuramente, contribuir para a gestão da AACRRI e incentivar a inclusão social de pessoas em situação de vulnerabilidade. “Quero mostrar que, independentemente de onde viemos, o conhecimento transforma vidas e abre portas para novas oportunidades,” destaca.
A EDUCAÇÃO QUE TRANSFORMA VIDAS
O secretário municipal de Educação e coordenador do Projeto Recicla Itabuna, Rosivaldo Pinheiro, destaca que “é gratificante compartilhar esse momento especial. Daniele inicia um novo ciclo de mudanças e novas conquistas com a chegada à Universidade. Vimos esse projeto nascer com o final do lixão e a implantação da Central de Triagem com o aval do prefeito Augusto Castro, que cuida do meio ambiente e transforma a vida das pessoas”.
A assistente social da Defensoria Pública da Bahia- DPE Itabuna, Andrea Reis, ressalta que “a Educação pode ser um poderoso instrumento de mudança, pois a história de Daniele, é um exemplo de que a determinação e a esperança podem florescer mesmo nos ambientes mais adversos, transformando a realidade de quem se recusa a desistir”.
A Central de Triagem e Reciclagem, localizada no bairro Lomanto, que conta com cerca de 60 famílias associadas à AACRRI, foi implantada pela Prefeitura de Itabuna, com o apoio do Governo do Estado-SETRE, CVR Costa do Cacau através do gestor Maurício Ramos Sena e Defensoria Pública do Estado-Projeto Mãos que Reciclam, coordenado pela defensora Aline Muller, O Boticário e Grupo Velanes.
Brasileiros encontram bactéria que transforma lixo plástico em bioplástico
Nomeado BR4, o microrganismo decompõe o PET, produzindo PHB – um biopolímero de alta qualidade que pode ser empregado na fabricação de embalagens sustentáveis e em aplicações biomédicas
Estudo brasileiro obteve resultados promissores na utilização de microrganismos para a degradação de plásticos e a produção de bioplásticos, avançando também no entendimento de enzimas e vias bioquímicas envolvidas no processo. Os detalhes foram descritos no periódico Science of The Total Environment.
Além de ser quantitativamente pouco relevante, a reciclagem, tal como vem sendo praticada, não constitui uma solução real para o problema. “Ela não resolve porque, em geral, produz plásticos com propriedades e aplicações inferiores, que também serão descartados ao final de sua utilização”, argumenta o pesquisador Fábio Squina, professor da Universidade de Sorocaba (Uniso) e coordenador da pesquisa, que envolveu colaboradores das universidades Estadual de Campinas (Unicamp) e Federal do ABC (UFABC).
Comunidades microbianas
A partir de amostras de solo contaminado por plásticos, os cientistas desenvolveram comunidades microbianas capazes de degradar materiais como polietileno (PE) e tereftalato de polietileno (PET). A análise metagenômica dessas comunidades identificou novos microrganismos e enzimas associados à degradação de polímeros.
Um dos destaques foi o desenvolvimento de uma linhagem de Pseudomonas sp, nomeada BR4, que não apenas decompõe o PET, mas também produz polihidroxibutirato (PHB), um bioplástico de alta qualidade. Enriquecido com unidades de hidroxivalerato (HV), esse material apresenta maior flexibilidade e resistência em comparação ao PHB puro, podendo ser utilizado para a fabricação de embalagens sustentáveis e em aplicações biomédicas.
“Para chegar a esse e outros resultados, nós sequenciamos os genomas de 80 bactérias presentes nas comunidades microbianas, identificando espécies já descritas na literatura e também novas, associadas à degradação de polímeros plásticos. E avaliamos o potencial genético de cada uma em codificar enzimas envolvidas na degradação de polímeros”, conta Squina.
Além disso, o estudo mapeou transportadores e vias metabólicas envolvidos na degradação e assimilação de polímeros plásticos. “As comunidades microbianas apresentaram características notáveis, degradando polímeros com base em interações cooperativas entre bactérias e vias bioquímicas especializadas”, comenta o pesquisador.
Apoiado pela FAPESP por meio de 13 projetos, a pesquisa evidenciou o potencial de abordagens ômicas em comunidades microbianas como uma plataforma promissora para a descoberta de enzimas e microrganismos, aplicados à conversão de plásticos de origem fóssil em biopolímeros.
O trabalho também sugere que plataformas como as utilizadas podem ser empregadas em outros tipos de plásticos, ampliando o impacto da tecnologia. “Estamos explorando formas de aprimorar bioquimicamente enzimas e microrganismos para degradar plásticos mais resistentes que o PET”, informa Squina.
E acrescenta que, “além de produzir bioplásticos, os microrganismos podem ser aproveitados para a produção de outros compostos químicos com aplicações nas áreas de agricultura, cosméticos e indústria alimentícia”. Ressalva, contudo, que mais pesquisas são necessárias para validar essas descobertas em condições ambientais reais e para otimizar o desempenho dos microrganismos.
Um levantamento realizado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) mostrou que o plástico representa 85% dos resíduos que chegam aos oceanos. E que os volumes de plástico que fluem para o mar deverão quase triplicar até 2040, ameaçando todas as espécies que dependem do ambiente marinho para viver, desde plâncton e moluscos até aves, tartarugas e mamíferos.
Corais, mangues e ervas marinhas também poderão ser sufocados por detritos plásticos que os impedem de receber oxigênio e luz. Outro tema emergente é a poluição por microplásticos, que afetam o solo, as águas e o ar. E se alojam insidiosamente nos órgãos humanos.
Enquanto os governos ainda fazem pouco para deter e reverter o processo, a exemplo do que também ocorre em relação à crise climática, a comunidade científica tem-se empenhado em encontrar soluções. O estudo em pauta é uma contribuição nesse sentido.
[Artigo] Narrativas que encantam: como o audiovisual impulsiona o Turismo Regenerativo
Por Tatiana Perim*
O audiovisual tem o poder de transportar espectadores para novos mundos, despertar emoções e inspirar mudanças. No turismo, ele se torna uma ferramenta essencial para promover destinos, valorizar culturas e sensibilizar visitantes sobre a importância da conservação da natureza. Por meio da imagem e da narrativa, é possível transportar o público para diferentes realidades, despertando o desejo de conhecer novos lugares e vivenciar experiências autênticas.
Essa capacidade do audiovisual de transformar percepções e promover narrativas autênticas foi tema central da conversa com o ex-deputado federal Marcelo Freixo, hoje presidente da Embratur, durante a 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes, no lançamento do documentário “Caminhos do Peabiru“. A produção ficou entre as cinco selecionadas, de 450 curtas inscritos no prêmio Embratur em 2024 e contou com a participação do Ekôa Park, em minha figura. Foi um presente participar.
Durante a mostra, discutimos como o audiovisual pode ser uma ferramenta estratégica para impulsionar um turismo regenerativo, capaz de promover a conservação ambiental e valorizar culturas locais. Esse diálogo reforçou a importância de iniciativas que utilizam o cinema e outras mídias para ampliar a conscientização sobre o turismo sustentável e regenerativo.
O Ekôa Park, parque localizado em Morretes (PR), litoral do Paraná, e dedicado à educação ambiental e ao turismo regenerativo na Grande Reserva Mata Atlântica – o maior remanescente contínuo desse Bioma no Brasil, vê no audiovisual uma poderosa ferramenta para fortalecer sua missão. Ao integrar-se a produções como “Caminhos do Peabiru”, o Ekôa reforça sua atuação na promoção do turismo sustentável e na valorização dos povos originários, conectando os visitantes com narrativas profundas e experiências enriquecedoras.
No Brasil, um país de biodiversidade exuberante e diversidade cultural singular, a produção audiovisual tem se consolidado como uma estratégia essencial para o fortalecimento do turismo. Iniciativas como o documentário “Caminhos do Peabiru”, produzido pela Frame 22 com apoio da Embratur e do Edital “Brasil com S”, do qual o Ekôa fez parte, são exemplos de como o cinema pode resgatar histórias ancestrais, valorizar as florestas e os povos originários e, ao mesmo tempo, incentivar um turismo consciente e responsável.
A promoção do turismo por meio do audiovisual é uma estratégia utilizada globalmente por diversas nações. Países que investem nessa abordagem conseguem ampliar sua visibilidade internacional e atrair um público interessado não apenas em paisagens icônicas, mas também em vivências enriquecedoras e conectadas à cultura local. Além disso, o audiovisual pode fomentar políticas públicas que facilitem a produção cinematográfica em locações naturais e urbanas, criando oportunidades para o desenvolvimento econômico das comunidades envolvidas.
A Embratur tem investido em editais como o “Brasil com S” e outras iniciativas que incentivam o uso do audiovisual para promover o turismo nacional. Esses programas têm permitido a produção de conteúdos que mostram um Brasil verdadeiro, destacando a diversidade de seus biomas, histórias e populações, e promovendo destinos que aliam turismo e conservação ambiental. A conexão entre turismo e audiovisual se torna uma oportunidade estratégica para o país se posicionar internacionalmente de forma mais autêntica e sustentável.
Dentro desse contexto, o turismo regenerativo e de natureza se destacam como vertentes que aliam desenvolvimento turístico à conservação ambiental. Diferentemente do turismo convencional, que muitas vezes pode causar impactos negativos, essas modalidades buscam restaurar ecossistemas, valorizar os saberes tradicionais e fortalecer comunidades locais. A experiência sensorial proporcionada pelo audiovisual é capaz de transmitir a essência desse tipo de turismo, sensibilizando o público para a importância da preservação da natureza e incentivando práticas sustentáveis.
O Ekôa Park, comprometido com a valorização da Mata Atlântica e suas comunidades, acredita que o audiovisual é um meio potente para inspirar mudanças e estimular um turismo mais responsável. Participações em produções como “Caminhos do Peabiru” permitem que a conexão entre natureza, história e cultura seja apresentada de forma envolvente e acessível a diferentes públicos.
Ao unir turismo e audiovisual, podemos contar histórias que encantam e transformam. Mais do que atrair visitantes, essa conexão nos convida a refletir sobre como viajar pode ser um ato regenerativo, promovendo não apenas experiências inesquecíveis, mas também a proteção do nosso patrimônio natural e cultural. Quando bem direcionada, essa conexão promove uma narrativa mais autêntica sobre os territórios, suas histórias e sua gente, consolidando um modelo de turismo que não apenas gera impacto econômico, mas também contribui para a conservação ambiental e o bem-estar das comunidades. Assim, ao promover um turismo que respeita e regenera, o audiovisual se torna uma peça-chave na construção de um futuro mais sustentável para o setor.
*Tatiana Perim é CEO e diretora-executiva do Ekôa Park.